Os estudos inserem-se no âmbito do doutoramento do Dr. João Vasco Santos, contando com a colaboração de investigadores de diversas nacionalidades como da Bélgica, Países Baixos e Itália.
Num destes estudos, o investigador analisou a esperança de vida saudável por sexos, em 28 países da União Europeia (UE), entre 2010 e 2017, com base em diferentes métodos: a Esperança de Vida Autopercecionada, usada pela Comissão Europeia (Eurostat), e a Esperança de Vida Saudável ajustada à Incapacidade (através de disability-adjusted life years – DALYs), usada no Global Burden of Disease Study, com o qual colabora.
A esperança de vida saudável é uma medida que combina mortalidade e nível de saúde ou incapacidade por doença e que pode ser calculada através de diferentes métodos. Seria expectável que os métodos não tivessem influência nos números, mas determinou-se que têm.
Na verdade, os números relativos à esperança de vida saudável da população da União Europeia podem variar de forma significativa consoante os indicadores que são utilizados. A diferença é maior nos números relativos às mulheres.
Segundo explica o Dr. João Vasco Santos, “existe uma variabilidade importante de mais ou menos três anos de vida saudável (num total de seis anos) e uma diferença sistemática entre os indicadores”.
O professor auxiliar da FMUP e investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) na área dos sistemas de saúde e políticas de saúde e médico especialista em Saúde Pública da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) evidencia que na prática “estes dados podem ter reflexos na avaliação e na comparação da efetividade de sistemas de saúde”. Mais do que isso, estes dados podem condicionar as decisões que são tomadas em termos de políticas de saúde.
Tal como refere o Dr. João Vasco Santos, “para intervir é preciso medir, em primeiro lugar”. De facto, “este será um tema essencial num contexto de implementação do European Health Data Space que se avizinha, em que decisões relacionadas com a política dos dados terão também implicações nas políticas de saúde e no tipo de intervenções de saúde a serem priorizadas”.
Sabendo-se que “há poucas medidas sólidas de indicadores de morbimortalidade” e que “usar indiscriminadamente uma medida ou outra pode levar a interpretações erróneas”, a solução poderá estar na melhoria e combinação de métodos.
“Para a avaliação e comparação da efetividade de sistemas de saúde, é aconselhável usar vários indicadores finais de morbimortalidade em simultâneo, nomeadamente a taxa de DALYs ajustada à idade e diferentes métodos de esperança de vida saudável”, aconselha.
Os passos seguintes consistem em avaliar outras dimensões dos sistemas de saúde, para além da efetividade, e tentar perceber de que forma as políticas de saúde podem ser enquadradas e melhoradas, tendo em conta a performance desses sistemas.
Fonte: FMUP